Hematoma Subdural Crônico

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O que é hematoma subdural crônico?

O hematoma subdural crônico (HSDCr) é um sangramento que ocorre dentro do crânio mas fora do cérebro, em um local chamado espaço subdural. Isso significa que este sangramento ocorre em um espaço que fica entre a dura-máter (uma membrana que recobre o cérebro) e o cérebro, e não no cérebro em si. 

Como se desenvolve um hematoma subdural?

Este tipo de hematoma ocorre comumente após um trauma craniano, podendo envolver tanto lesões fechadas quanto abertas. O sangramento resulta da ruptura dos vasos sanguíneos, geralmente as veias que conectam a superfície do cérebro à membrana dura-máter – chamadas de “veias ponte”.

As principais causas do hematoma subdural incluem:

  • Trauma craniano – como os causados por quedas, acidentes ou agressões físicas.
  •  Movimentos bruscos da cabeça – como em acidentes esportivos ou atividades de alto risco.
  • Distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes – que tornam o indivíduo mais suscetível a sangramentos.
  • Idade avançada – devido ao enrijecimento das veias subdurais e ao maior risco de fragilidade vascular – nestes casos os hematomas podem ocorrer com traumas mínimos às vezes nem percebidos/valorizados pelos pacientes.
  • Álcool e drogas – que podem aumentar o risco de quedas ou lesões.
Como os hematomas subdurais podem ser classificados?

Os hematomas subdurais podem ser classificados de acordo com a velocidade de evolução e o tempo de manifestação dos sintomas:

classificação de hematomas subdurais

Classificação dos hematomas subdurais – a “cor” do hematoma na tomografia de crânio varia de acordo com seu tempo de evolução.

  • Hematoma subdural agudo: ocorre nas primeiras 24 horas após o trauma. A gravidade é proporcional ao tamanho do hematoma e o quão rápido o sangramento se acumula – manto mais rápido e maior o volume, maior a chance de evoluir para coma e até a morte. Pode se apresentar com sintomas neurológicos progressivos e sinais de aumento da pressão intracraniana.
  • Hematoma subdural subagudo: manifesta-se entre 2 a 14 dias após o trauma. Geralmente está associado ao hematoma subdural agudo em fase de absorção. Isto é importante pois é nessa fase que vamos monitorar e avaliar se o hematoma vai ser absorvido ou vai cronificar.
  • Hematoma subdural crônico: desenvolve-se semanas ou até meses após o trauma inicial. Ele na verdade é um “hematoma agudo que não foi absorvido”. Mas você sabe por que isso acontece???
Por que desenvolvemos hematomas subdurais crônicos?

O hematoma se torna “crônico” porque o acúmulo de sangue ocorre de forma gradual. Nos primeiros dias ou semanas após o trauma, os sintomas podem ser leves ou até ausentes, o que leva o paciente a não buscar atendimento imediato. Isso permite que o hematoma continue a crescer, muitas vezes sem ser detectado, até que o paciente apresente sintomas mais evidentes, como dores de cabeça persistentes, alterações cognitivas ou déficits neurológicos. 

Veja os mecanismos de formação do hematoma subdural crônico:

Trauma Craniano InicialApós o trauma craniano, que pode ser relativamente leve, como uma queda ou um impacto com pouca intensidade (muitas vezes, o paciente não lembra de ter tido um grande trauma) há um sangramento agudo, geralmente decorrente de veias subdurais.

Acúmulo Lento de Sangue: Após o trauma, o sangramento inicial pode ser pequeno e não causar sintomas imediatos. Com o tempo, o sangue se acumula lentamente na cavidade subdural. Inicialmente, o sangue pode ser reabsorvido parcialmente, mas uma parte continua a acumular-se muito lentamente, formando um hematoma persistente.

Formação de uma cápsula de fibrina: Com o tempo, o sangue acumulado no espaço subdural começa a formar uma cápsula fibrosa. O organismo tenta “isolá-lo” através de uma resposta inflamatória, criando uma cápsula que envolve o hematoma. Esse processo pode levar semanas e resulta na formação de um hematoma encapsulado. A cápsula pode ter vasos sanguíneos frágeis, que podem continuar a sangrar, alimentando o hematoma e agravando a situação.

Quais são os maiores fatores de risco para desenvolver um hematoma subdural crônico?
  • idoso caindoIdade avançada: Com o envelhecimento, o cérebro tende a encolher, o que aumenta o espaço subdural e facilita o acúmulo de sangue. Além disso, as veias subdurais se tornam mais frágeis e suscetíveis a lesões.
  • Uso de anticoagulantes: Medicamentos como a varfarina ou aspirina (AAS) aumentam o risco de sangramentos e podem levar ao desenvolvimento de hematomas crônicos, uma vez que o sangue não coagula adequadamente.
  • Álcool: O consumo excessivo de álcool pode causar atrofia cerebral, o que aumenta o risco de lesões vasculares, além de prejudicar a coagulação do sangue, favorecendo o surgimento de hematomas.
  • Distúrbios de coagulação: Pacientes com condições médicas que afetam a coagulação sanguínea, como hemofilia ou distúrbios de plaquetas, têm um risco aumentado de desenvolver hematomas subdurais crônicos.
Quais são os sintomas dos hematomas subdurais?

Os sintomas variam de acordo com a gravidade, o tamanho do hematoma e a rapidez com que ele se desenvolve. Os mais comuns incluem:

  • Dor de cabeça intensa e progressiva.
  • Confusão e alterações no estado mental.
  • Náuseas e vômitos.
  • Dificuldade de fala e movimentação.
  • Convulsões.
  • Perda de consciência.

Em casos agudos, o aumento da pressão intracraniana rápido pelo crescimento do hematoma e acúmulo de sangue pode levar ao coma e à morte, se não tratado adequadamente.

Como fazemos diagnóstico de hematomas subdurais?
imagem de tomografia de hematoma subdural cronico

Tomografia de crânio de bebê de 3 meses com hematoma subdural crônico – a linha tracejada vermelha delimita aproximadamente o hematoma que está apontado pelas setas vermelhas. Foto de arquivo pessoal – reprodução total ou parcial proibida.

O diagnóstico de hematoma subdural é frequentemente confirmado por exames de imagem, sendo a tomografia computadorizada (TC) do crânio a modalidade mais utilizada. Isso porque é um exame rápido e geralmente de fácil acesso em pronto-socorro de hospitais estruturados.

A ressonância magnética (RM) pode ser útil em casos crônicos, duvidosos ou para avaliar a extensão do hematoma e o grau de atrofia cerebral.

Vale ressaltar que os exames de raio-x de crânio não são capazes de identificar estes hematomas.

Além disso, exames clínicos e monitoramento neurológico são essenciais para suspeita e o acompanhamento da evolução do quadro.

Como é feito o tratamento dos hematomas subdurais?

O tratamento proposto depende da gravidade do caso e da rapidez com que a condição é diagnosticada.

Em casos leves, especialmente em hematomas subdurais de pequeno volume, o tratamento pode ser conservador, com monitoramento clínico rigoroso, controle da pressão intracraniana e observação contínua. Alguns medicamentos podem ser usados para ajudar a “absorção do hematoma” com uma recomendação muito criteriosa pelo neurocirurgião, uma vez que seus benefícios ainda estão em estudo. Atualmente os medicamentos que vem mostrando benefício são a atorvastatina e o ácido tranexâmico. Ambos parecem ter efeitos bons também para prevenir recidivas (reformação) do hematoma.

Em hematomas grandes, agudos ou sintomáticos, o tratamento cirúrgico é necessário para aliviar a pressão intracraniana e prevenir danos cerebrais irreversíveis. 

cirurgia para drenagem de hematoma subdural

Craniotomia para drenagem de hematoma subdural agudo.

A cirurgia pode ser feita por trepanação ou por craniotomia. Trepanação é quando um ou mais furos são feitos no crânio para drenar o hematoma – geralmente isso é feito em hematomas crônicos que são liquefeitos (líquidos). Já hematomas agudos ou subagudos tendem a ter consistência “gelatinosa” e não saem com um ou mais furos, sendo necessário geralmente uma craniotomia – ou seja, uma abertura no crânio – para drenar o hematoma e então fecha-se o crânio novamente. 

Qual o prognóstico dos hematomas subdurais?

O prognóstico do hematoma subdural depende de vários fatores, como a rapidez do diagnóstico, a idade do paciente, a extensão do hematoma e a presença de outras condições de saúde. Em casos leves e crônicos, o prognóstico tende a ser favorável com a resolução do quadro. No entanto, hematomas subdurais agudos e grandes podem ter um prognóstico reservado, especialmente se não forem tratados a tempo, podendo levar a sequelas permanentes ou à morte.

E a embolização da artéria meníngea média para o hematoma subdural crônico?

A embolização da artéria meníngea média para estes casos é uma técnica terapêutica relativamente recente, mas que tem mostrado resultados promissores, especialmente em casos selecionados. Esta abordagem envolve o bloqueio da artéria meníngea média, uma das principais fontes de irrigação sanguínea da dura-máter, a membrana que envolve o cérebro. Quando um hematoma subdural crônico ocorre, frequentemente há uma rede de vasos anormal e frágil ao redor do hematoma, especialmente dentro da cápsula fibrosa formada ao longo do tempo que o envolve. A embolização visa interromper o fornecimento de sangue para essa área e reduzir o fluxo sanguíneo que alimenta a cápsula, o que pode ajudar a controlar o sangramento contínuo e permitir a resolução do hematoma.

– Indicações para a embolização
1-Hematomas persistentes ou grandes, que não respondem ao tratamento conservador.
2-Risco de complicações neurológicas devido ao tamanho ou à pressão do hematoma, como déficits motores, alterações cognitivas ou coma.
3- Recaídas após drenagem cirúrgica. Em alguns casos, os hematomas podem se reverter após a drenagem, e a embolização pode ser uma solução para evitar o retorno.
4-Hematomas subdurais crônicos com vasos anormais ou sinais de sangramento ativo. A presença de vasos sanguíneos anormais ao redor do hematoma pode justificar o uso da embolização para controlar o sangramento.

O procedimento de embolização é realizado por meio de um cateterismo, geralmente sob controle de imagem, como para garantir precisão. Os resultados podem variar dependendo da extensão do hematoma, da rapidez com que a embolização é realizada e da presença de outras condições clínicas do paciente.

Quando procurar o neurocirurgião?

Além de obviamente consultar o neurocirurgião quando o diagnóstico de hematoma subdural crônico for dado, é recomendado investigar situações de risco. Quando por exemplo temos idosos ou até mesmo crianças que começam a ter comportamento anormal como confusão, dor de cabeça ou sintomas neurológicos com história de traumatismo craniano recente, mesmo que este trauma tenha sido pequeno, por exemplo como uma queda no banheiro. Pacientes com distúrbios da coagulação do sangue devem ter ainda mais cautela devido ao risco aumentado que eles têm de desenvolver estes hematomas. 

Esse texto foi produzido e editado pela Dra Raquel Rodrigues – Médica Neurocirurgiã – CRM 142761 – RQE 56460. Reprodução total ou parcial sem autorização proibida. 

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