É mito!!!
Toda semana recebo famílias ansiosas porque o pediatra percebeu que a moleira fechada do bebê ou que ela estaria se fechando “antes da hora”. A grande maioria destes casos não representa situações anormais e não exige qualquer tipo de tratamento, quanto mais uma cirurgia.
A moleira, que os médicos chamam de fontanela, é um pequeno espaço que existe entre os ossos do crânio, e o bebê quando nasce tem 2 delas, uma na frente (a que os pais mais conhecem) e uma atrás que se fecha por volta dos 3 meses.
A fontanela tem uma função importante no nascimento, servindo como um amortecedor na passagem da cabeça pelo canal de parto, mas depois disso ela NÃO tem uma relação direta com o crescimento craniano. O crescimento craniano ocorrerá se o cérebro for normal (o principal “motorzinho” que faz o crânio crescer) e nenhuma outra doença estiver presente pelas famosas “suturas cranianas”, que são as linhas entre os vários ossos que do crânio. Estas suturas precisam estar abertas. Se estas tais suturas se fecham antes da hora, o que pode causar uma doença chamada de cranioestenose, há restrição ao crescimento do crânio na direção daquela sutura e a cabecinha do bebê vai ficando cada vez mais torta com o tempo. Vale ressaltar que na realidade a cranioestenose não tem nada a ver com a fontanela fechada! Existe grande número de artigos vinculados em blogs e revistas voltadas a gestantes e bebês que continuam propagando a ideia da “moleira fechada” como um dos sinais de cranioestenose, o que não é necessariamente verdade.
No entanto, a moleira fechada precocemente embora não esteja relacionada necessariamente com a cranioestenose, pode estar associada a outras doenças. Algumas delas são: hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, hipofosfatemia, doenças ósseas e microcefalia. Por este motivo a primeira avaliação importante destes casos é feita pelo próprio pediatra. Uma vez descartada doenças sistêmicas pode-se encaminhar para uma avaliação com o especialista se ele julgar necessário.
Obviamente, independente da moleira fechada, se o bebê apresentar outras alterações neurológicas como atraso no desenvolvimento, crescimento reduzido ou aumentado da cabeça e/ou cabeça torta que vai piorando com o passar do tempo, recomenda-se fortemente que ele seja avaliado por um neurocirurgião pediátrico, para descartar problemas mais graves.
Se você se interessou por este tema, veja abaixo alguns textos que podem te ajudar:
Se você quer saber mais sobre cranioestenoses em geral clique aqui. Para saber mais sobre a escafocefalia – a cranioestenose mais comum clique aqui.
Assista os vídeos do meu canal – Neurocirurgia é assim – que se relacionam com este tema:
Mitos e verdades sobre cranioestenose (parte 1) – Assista o vídeo clicando aqui
Mitos e verdades sobre cranioestenose (parte 2) – Assista o vídeo clicando aqui
Mitos e verdades sobre cranioestenose (parte 3) – Assista o vídeo clicando aqui
Como diferenciar uma assimetria craniana? – Assista o vídeo clicando aqui
Qual exame se faz para avaliar um bebê com a cabeça torta? – Assista o vídeo clicando aqui