Quais crianças com mielomeningocele terão incontinência/problemas urinários?
Quase todos os pacientes com mielomeningocele apresentam algum problema na bexiga (bexiga neurogênica). Isso pode afetar a continência urinária e a qualidade de vida, além de levar a piora progressiva da doença nos rins, ureteres, bexiga, e até a doença renal crônica com necessidade de hemodiálise. 30 a 40% das crianças com mielomeningocele desenvolvem algum grau de disfunção renal, mas a boa notícia é que o adequado tratamento para reduzir a pressão da bexiga geralmente impede ou atenua essa complicação.
Pacientes com mielomeningocele geralmente têm problemas com o armazenamento e/ou esvaziamento da urina porque a lesão da medula espinhal interrompe o controle do sistema nervoso central dos mecanismos de micção urinária. Nem a localização da altura da lesão medular da mielomeningocele (cervical, torácica ou lombar) nem o exame neurológico são suficientes para prever o tipo ou gravidade da disfunção do trato urinário, porque o nível da medula espinhal no qual a bexiga é controlada está abaixo das raízes espinhais que controlam a movimentação dos braços e pernas. Como exemplo, pacientes com mielomeningocele de nível muito “baixo” (sacral) podem ter dinâmica da bexiga desfavorável, mesmo se a função dos membros inferiores for normal, ou seja, mesmo se a criança conseguir andar sozinha. Entretanto, de um modo geral, quanto mais “alta” a mielomeningocele maior probabilidade de ter problemas urinários, inclusive de maior gravidade.
Portanto, todos os pacientes com mielomeningocele, inclusive aqueles que andam, devem ser avaliados periodicamente com ultrassonografia e estudos urodinâmicos indicados pelo neurocirurgião e neurologista pediátrico, e devem manter o acompanhamento sempre com estes dois profissionais.
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