Por que operar a mielomeningocele antes mesmo do bebê nascer? Entenda as vantagens dessa cirurgia fantástica!
A mielomeningocele, também chamada de espinha bífida, faz parte de um grupo de doenças: os disrafismos espinhais. O que significa isso? Essas doenças são caracterizadas por defeitos congênitos (malformações) na coluna e medula espinhal do feto enquanto o sistema nervoso ainda está em formação. Se esta malformação é tão precoce, faz sentido corrigir o mais rápido possível também, daí surgiu a ideia da cirurgia fetal pré-natal da mielomeningocele.
O tratamento clássico por muitos anos foi a correção do defeito medular após o nascimento no menor prazo possível, preferencialmente nas primeiras 24h de nascimento, devido ao risco de infecção do sistema nervoso. Essa cirurgia visa apenas corrigir esta “falha” e fechá-la com pele, prevenindo complicações e não altera em nada o prognóstico neurológico do paciente. Isso quer dizer que se o bebê não mexe as pernas, a cirurgia não permitirá a reconstituição dos movimentos.
Após o estudo MOMS (Management of Myelomeningocele Study) publicado em 2011, a cirurgia fetal pré-natal da mielomeningocele ganhou espaço e visibilidade. Este foi um estudo prospectivo e randomizado (que equivale a melhor qualidade de evidência em estudos científicos) comparando a correção pré-natal da mielomeningocele com a correção após o nascimento. Neste estudo foi demonstrado que os fetos submetidos à correção antenatal tinham 50% menos necessidade de derivação ventrículo-peritoneal para tratar a hidrocefalia, redução da ocorrência da malformação de Chiari, além do dobro da possibilidade de andar sem qualquer auxílio. Este estudo utilizou a via a céu aberto para correção da malformação no feto.
As vantagens do grupo de cirurgia intrauterina foram tão superiores nos quesitos reversibilidade da síndrome de Arnold Chiari II, diminuição da necessidade de derivação do líquor cerebral (válvulas) e funções mental e motora, inclusive com aumento da chance de caminhar por si só, que o estudo foi interrompido por ser eticamente inviável se indicar a cirurgia pós-natal quando há a possibilidade de se fazer a correção intraútero.
Após este estudo muitos outros se sucederam, sendo assim atualmente é recomendado, dadas tais evidências científicas, que a correção intraútero seja oferecida e realizada sempre que possível do ponto de vista técnico.
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