Mielomeningocele – cirurgia intrauterina a céu aberto

Mielomeningocele – cirurgia intrauterina a céu aberto

A cirurgia consagrada de correção pré-natal da mielomeningocele é a céu aberto. Entenda a diferença desta para a técnica fetoscópica e as vantagens de cada uma!

               A técnica de cirurgia intrauterina para mielomeningocele clássica recebe este nome de “céu aberto” porque o útero da mãe é totalmente exposto e aberto em uma pequena porção para permitir a cirurgia do feto. Na cirurgia laparoscópica ou fetoscópica, uma câmera e alguns instrumentos são inseridos no útero fechado, e a cirurgia que ocorre no feto é feita com auxílio deste vídeo.

               Todas as técnicas têm vantagens e desvantagens. A técnica de cirurgia intrauterina a céu aberto para mielomeningocele evoluiu muito, ficando cada vez menor e menos invasiva, hoje sendo possível utilizar um microscópio cirúrgico em uma pequena abertura no útero (de cerca de 3cm) para operar o feto. Quanto menor a abertura no útero menor é o risco de uma série de complicações. Além disso, por ser aberta e o neurocirurgião visualizar diretamente o defeito, podemos realizar uma correção em planos e etapas cirúrgicas bem semelhantes ao que fazemos após o nascimento do bebê, que é uma técnica sabidamente consagrada há anos na neurocirurgia.

               No entanto, existem riscos maternos associados à utilização dessa via, como cicatrização uterina desfavorável no local da cirurgia em, aproximadamente 35% dos casos. Além disso, a abertura na pele é ampla, pois o útero precisa ser exposto para fora da cavidade abdominal. Esta zona de fragilidade causada pela cirurgia contraindica o trabalho de parto, sendo obrigatório uma cesárea para o parto do bebê, inclusive em futuras gestações.

               Já a cirurgia laparoscópica/fetoscópica o risco materno é menor, pois ela tem a vantagem de ser menos invasiva, inclusive permitindo o parto normal. Porém tecnicamente é mais difícil e desafiador posicionar o feto e praticamente impossível realizar as correções anatômicas do mesmo modo que é feito na técnica clássica. A longo prazo ainda não se sabe se estas crianças podem ter complicações relacionadas a forma diferente como é operada a malformação. Ainda não há um estudo da qualidade do MOMS para avaliar esta técnica e nem comparar uma técnica com a outra em termos de resultados.

               As duas técnicas tem aumento de taxa de parto prematuro, sendo ainda maior na técnica laparoscópica.

Qual técnica (céu aberto x fetoscópica) eu devo escolher?

               A escolha desta técnica varia de acordo com o treinamento e a preferência da equipe. Os pais sempre que possível devem se informar e conversar com o médico sobre as opções e se sentirem seguros com sua escolha.

Quer aprender mais sobre esta cirurgia e quando realizar? Acesse aqui um texto completo.

2560 1704 Dra. Raquel Rodrigues - Neurocirurgia pediátrica