Síndrome de Apert – entenda um pouco desta doença

Síndrome de Apert – entenda um pouco desta doença

A síndrome de Apert é uma das doenças genéticas que causa cranioestenoses complexas, quando mais de uma sutura é afetada…

        A síndrome de Apert (acrocefalosindactilia tipo I) é uma doença genética que ocorre em 6 a 15 de 1 milhão de nascidos vivos. A maioria dos casos é esporádica, ou seja, não há outros familiares com este problema na família. As mutações no gene que codifica o receptor do fator de crescimento de fibroblastos 2 (FGFR2), localizado no cromossomo 10, são responsáveis ​​por quase todos os casos conhecidos.

        A síndrome de Apert manifesta-se clinicamente como dois defeitos craniofaciais visíveis, cranioestenose (fechamento das suturas coronais – causando braquicefalia) e hipoplasia maxilar, que causam uma testa plana e encurvada e uma face mediana plana. Além disso, os pacientes afetados apresentam outras alterações como: olhos protuberantes (exorbitismo), órbitas amplamente separadas (hipertelorismo), orelhas baixas e muitas vezes uma estrutura nasal anormalmente pequena e plana. Devido a faringe pequena e malformada e a face média hipoplásica estes pacientes também podem ter dificuldade de respirar. Uma outra característica marcante nestes pacientes são os dedos “unidos”, o que é chamado de sindactilia. Pacientes com síndrome de Apert tipicamente têm uma sindactilia complexa conhecida como mão de luva, na qual o indicador, o terceiro, o quarto e o quinto dedo compartilham componentes ósseos e tecidos moles fundidos. O polegar é geralmente relativamente bem formado e móvel. Sindactilia semelhante é frequentemente demonstrada nos pés.

        A maior parte destes pacientes necessitará de várias cirurgias ao longo da vida. Na parte craniana e facial, geralmente as cirurgias cumprem 3 etapas:

  1. Tratamento da cranioestenose – geralmente realizada dos 6 meses até 1 ano e meio, onde o neurocirurgião pediátrico visa dar mais espaço para o cérebro do bebê e evitar o aumento da pressão intracraniana.
  2. Avanço crânio-facial – esta cirurgia é mais tardia, em geral sendo realizada dos 3 aos 8 anos de idade, onde o cirurgião craniofacial faz um avaço da fronte (“testa”) e/ou da face média do paciente, para corrigir o “afundamento” que eles tem nesta região.
  3. Correção do hipertelorismo – correção do afastamento excessivo entre os olhos do paciente.

               Trata-se de uma doença complexa, por este motivo apenas neurocirurgiões pediátricos com experiência nesta doença e sobretudo que atuem em equipe multidisciplinar (cirurgiões crânio-faciais) devem operar esta doença. 

Se você quer saber mais sobre cranioestenose clique aqui para acessar um texto completo. Para saber mais sobre cranioestenoses complexas clique aqui, ou clique aqui para saber mais sobre cranioestenoses sindrômicas.

Assista os vídeos no meu canal – Neurocirurgia é assim falando sobre: – o que é cranioestenose (clique aqui), tipos de cranioestenose (clique aqui), diagnóstico de cranioestenose (clique aqui).

2313 1543 Dra. Raquel Rodrigues - Neurocirurgia pediátrica